Events

Mike Keith – Java EE 6: Uma Grande Evolução

Testemunhe o renascimento do Java EE—descubra como anotações, servlets assíncronos e EJBs leves finalmente fazem o desenvolvimento Java empresarial parecer moderno, produtivo e livre de XML

Série: TDC Rio 2009 | Parte 1 de 2 > Insights fundamentais da maior conferência Java do Brasil

Foto da palestra do Mike Keith

A palestra de Mike Keith começou por volta das 11h, logo após o coffee break, com um tom leve e descontraído. Ele abriu brincando sobre o tempo entre os lançamentos das versões Java — algo que gerava expectativas (e frustrações) constantes. Um dos slides logo no início estampava a frase provocativa:

“Ou você não se importa porque acha que a Microsoft vai matar o Java.”

A provocação arrancou risos e um pouco de desconforto — mas serviu de gancho para mostrar como, apesar das críticas, o Java EE 6 trazia sim avanços sólidos e relevantes.

Java EE 6: Mais modular, menos XML

Mike apresentou as principais novidades da nova especificação. Uma das mais comentadas foi a redução da verbosidade, especialmente em relação ao uso de XML. Com a chegada de anotações (@Annotation) no lugar de configurações externas, o código se torna mais direto e mais fácil de manter.

@WebServlet("/minhaRota")
public class MeuServlet extends HttpServlet {
    // ...
}

Antes, isso exigiria várias linhas no web.xml. Agora, está tudo embutido no próprio código.

Anotações e modularização: o fim do “acoplamento obscuro”

A nova abordagem com anotações também torna mais claro quais dependências e comportamentos estão em jogo em cada classe. Isso combate o famoso acoplamento oculto, onde as configurações externas escondiam o que estava acontecendo.

Essa mudança também ajuda quem usa frameworks como Spring, Struts, ou JSF, onde anotações já estavam se tornando padrão.

Servlets Assíncronos (Async Processing)

Outro ponto que me chamou atenção foi a introdução de processamento assíncrono nos Servlets. Isso significa que não precisamos mais bloquear a thread do servidor para esperar uma operação longa (como uma chamada de API ou acesso a banco lento).

Em termos simples, o servidor pode “entregar outra tarefa” enquanto espera pela resposta — algo que melhora muito o desempenho sob carga.

Mike demonstrou isso comentando que, apesar do ganho, é necessário cuidado para não cair em armadilhas de concorrência ou complexidade desnecessária.

EJB 3.1: A reabilitação?

Confesso: quando ele mencionou EJB, achei que o auditório ia bocejar. Mas Mike trouxe uma visão moderna com o EJB 3.1, agora mais leve e pragmático. Algumas melhorias que ele comentou:

  • Possibilidade de usar EJBs fora de um contêiner completo de aplicação
  • Redução no uso obrigatório de interfaces
  • Mais integração com ambientes “Java SE” (sem servidor)

A sala ficou mais atenta do que eu esperava — talvez por ver que o EJB estava finalmente se tornando mais acessível para quem evitava por puro trauma de versões antigas.

JPA e a conversa da tarde

A parte sobre JPA (Java Persistence API) foi mencionada brevemente na palestra, mas gerou tanto interesse que acabou virando tema de uma conversa à parte no período da tarde.

JPA, para quem não conhece, é a especificação padrão para mapeamento objeto-relacional em Java. Em vez de escrever SQL direto, usamos classes Java para representar entidades e persistência.

Injeção de Dependência (JSR 330)

Outro tópico foi a JSR 330, que trata de injeção de dependência — ou seja, como uma classe “recebe” seus componentes prontos, sem ter que criá-los manualmente. Isso já era comum em frameworks como Spring, mas agora fazia parte da especificação oficial.

A ideia aqui é diminuir o acoplamento e facilitar testes, ao evitar new e deixar a responsabilidade de criação para o contêiner.

Conclusão otimista

Mike fechou sua fala com otimismo. Disse que muitas das melhorias já estavam disponíveis em versões beta ou em especificações abertas — com previsão de se tornarem oficiais em dezembro de 2009.

Para mim, ficou claro que o Java EE 6 não era apenas uma nova versão. Era um sinal de que a plataforma estava ouvindo a comunidade e tentando ser mais leve, moderna e produtiva.


Publicado no mesmo dia da palestra de Mike Keith no TDC Rio 2009.