Série: TDC Rio 2009 | Parte 2 de 2 > Insights fundamentais da maior conferência Java do Brasil
Na quarta-feira do TDC no Rio, uma das palestras mais aguardadas foi a de Rod Johnson, criador do Spring Framework e autor de livros que marcaram a evolução da plataforma Java.
A palestra começou às 10h e tratou de forma direta e provocadora sobre mudanças e tendências, a partir da visão de alguém que sempre esteve envolvido com o que há de mais relevante em desenvolvimento Java e arquitetura de software.
Cloud Computing: o poder distribuído
Rod destacou que uma das maiores mudanças de paradigma em curso era o avanço do cloud computing. A possibilidade de distribuir o poder computacional e escalar sob demanda elimina a necessidade de comprar infraestrutura sob medida para picos — o que reduz drasticamente os custos e melhora o tempo de resposta de sistemas.
Em termos simples, com a nuvem você paga por uso e não por capacidade ociosa.
Desenvolvedores famintos vs. gerentes resistentes
Um ponto que gerou risos e identificação na plateia foi quando Rod comentou como desenvolvedores são atraídos por novas tecnologias, testam e aprendem rapidamente — apenas para serem bloqueados por coordenadores e gerentes que odeiam mudanças. O resultado é um “muro” de resistência onde inovação morre antes de nascer.
O medo do monopólio
Rod alertou para o risco de monopolização do ecossistema Java, onde uma única empresa controla todas as peças da tecnologia — desde a plataforma até as ferramentas. Isso, segundo ele, limita a inovação e cria dependência.
Ele citou o caso da compra da Sun pela Oracle, e sugeriu cautela: “Depender de uma única empresa para tudo nunca é bom para o ecossistema.”
A revolução poliglota e o papel da JVM
Apesar do crescimento de linguagens como Ruby, Python e Scala, Rod reforçou que o Java continua dominante. Ele não acredita que será a última linguagem, mas sim que a JVM é o verdadeiro trunfo — pois suporta múltiplas linguagens e se adapta melhor às novas demandas.
Hoje, você pode usar Groovy, JRuby ou Clojure dentro do mesmo ambiente. Isso é poder real.
Open Source como catalisador da inovação
Rod defendeu que o modelo open source é essencial para a inovação. Sem ele, o Spring não teria nascido — afinal, que startup teria acesso a licenças e contratos com IBM, Oracle ou BEA para criar um framework?
O open source reduz a barreira de entrada e convida mais desenvolvedores para a conversa.
Por outro lado, ele alertou que o excesso de projetos open source pode confundir e fragmentar o ecossistema — algo que exige maturidade da comunidade para selecionar bem o que adotar.
Ruby on Rails e a inspiração para o Spring Roo
Rod comentou que embora o Ruby on Rails tenha popularizado a produtividade extrema, ele não acredita que codificação deva ser descartável. A lição, segundo ele, está no equilíbrio entre produtividade e clareza — algo que a equipe do Spring tentou aplicar no desenvolvimento do Spring Roo, uma ferramenta de scaffolding inteligente.
A compra da Spring Source pela VMWare
A aquisição da Spring Source pela VMWare foi outro ponto de preocupação na época. Mas Rod tranquilizou dizendo que a VMWare reconhecia a importância do open source e não alteraria a agenda da comunidade.
Cloud Foundry e o futuro da plataforma
Rod encerrou sua fala mencionando o surgimento de soluções como o Spring Source Cloud Foundry, que começava a explorar o conceito de PaaS (Platform as a Service) para facilitar a vida de quem desenvolve e opera aplicações Java.
Conclusão: a hora dos desenvolvedores brasileiros
Para Rod, o open source é global e o momento era ideal para que desenvolvedores brasileiros participassem mais ativamente.
“Não sei se é por desconhecimento ou falta de incentivo, mas este é o momento. A comunidade global precisa da energia e criatividade de vocês.”
Publicado após a palestra de Rod Johnson no TDC Rio 2009.
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