Tenho refletido bastante sobre como podemos melhorar a forma como trabalhamos juntos nas equipes, não apenas como líderes, mas também como pessoas que desejam contribuir com eficiência, empatia e propósito. Acredito que todos nós, independentemente do cargo que ocupamos, temos o poder de influenciar positivamente a dinâmica do time, criando um ambiente onde crescer, compartilhar e ser produtivo andam juntos.
Ano passado, assisti a uma apresentação do Phil Calçado chamada “Tudo que eu queria saber antes de virar um líder técnico”. O que mais me marcou não foi o conteúdo voltado a quem já exerce cargos de liderança, mas a provocação: ser parte da solução começa muito antes do cargo formal. Quando vemos algo que pode ser melhorado — seja um processo confuso, uma decisão que não considera o time, ou simplesmente a falta de documentação que dificulta o onboarding de novos colegas — temos a escolha de agir.
Lembrei também de uma analogia de Kent Beck que li tempos atrás. Ele descrevia o trabalho com Extreme Programming como uma mesa cheia de botões e knobs — e a arte está em aprender a girá-los com cuidado até encontrar o ponto ideal. Isso me fez pensar: muitas vezes não precisamos reinventar tudo. Precisamos apenas acertar os pequenos ajustes, como se fosse mesmo um pedal de overdrive bem regulado, que amplifica o que já temos de bom.
A colaboração eficiente começa quando deixamos de olhar apenas para nossas tarefas individuais e passamos a enxergar o fluxo do time como um todo. Isso pode acontecer de formas muito simples: ajudando a revisar o código de um colega mesmo quando a tarefa não é sua, escrevendo uma explicação no canal do time sobre um sistema que você entendeu bem, ou dando feedback sincero e respeitoso quando vê algo que pode melhorar. Isso é construir cultura. Isso é ser multiplicador.
Não precisamos esperar alguém nos pedir para começarmos a agir assim. A cultura de uma equipe é moldada muito mais pelo comportamento diário das pessoas do que por reuniões de alinhamento. Quando um colega vê que você se preocupa com a clareza da documentação, que você investe tempo ajudando outros a destravar problemas, que você compartilha suas dúvidas com transparência — isso convida os outros a fazerem o mesmo. É como dar o primeiro acorde para que o resto da banda se afine.
Nos ambientes onde vi times realmente felizes e produtivos, havia algo em comum: ninguém carregava tudo sozinho, e ninguém se escondia atrás da sua especialidade para evitar envolvimento. Todos contribuíam para melhorar a eficiência do grupo, e isso criava um ciclo virtuoso de crescimento. Aprender a fazer parte disso é o verdadeiro “pedal de overdriver” de que precisamos — não aquele que aumenta o volume, mas o que dá claridade, energia e direção.
Se você é alguém que quer crescer, contribuir e fazer parte de algo maior, comece onde está. Ajuste os botões que estão ao seu alcance. Fale sobre o que está funcionando. Pergunte como pode ajudar. Proponha melhorias pequenas. Documente aquilo que você aprendeu hoje. Seja o impulso que move o time. E inspire outros a fazer o mesmo.
A liderança verdadeira não espera por permissão — ela se manifesta quando escolhemos ser parte da solução, independentemente do nosso título.
Postado originalmente como um lembrete de que a liderança começa muito antes do cargo e a colaboração é o solo onde a eficiência floresce.