Série: Fundamentos de Engenharia de Software | Parte 5 de 19 > Ministrada na Universidade Potiguar (UnP) em 2010
Na quinta aula de Engenharia de Software na Universidade Potiguar (UnP), exploramos um dos tópicos mais transformadores no desenvolvimento moderno: abordagens ágeis. Fundamentado no Manifesto Ágil, focamos não apenas em práticas, mas em mentalidades que mudam como as equipes pensam, se organizam e entregam valor.
Agilidade é atitude, não processo
Começamos discutindo o que realmente significa “ser ágil”. Apresentei a definição de Jim Highsmith, que propõe agilidade como a habilidade de criar e responder à mudança. Isso exige mais do que técnica: requer mentalidade aberta, coragem para mudar o plano e disposição para colaborar constantemente.
Não se trata apenas de iterar rápido. Agilidade é sobre criar ambientes que equilibram estabilidade e flexibilidade. É sobre colocar pessoas no centro da construção de software, reduzindo burocracia e otimizando a comunicação.
Atividade: o que NÃO é agilidade?
Propus que os alunos assistissem a um famoso vídeo satírico sobre falsas práticas ágeis. Depois, em grupos, eles listaram situações do dia a dia em que viram ou vivenciaram distorções do que é ser ágil.
A atividade serve para qualquer time que esteja tentando implementar Agile. Funciona como um espelho — e como um alerta. O objetivo é reforçar que adotar o nome “ágil” sem internalizar seus princípios gera frustração, não transformação. É uma atividade simples, de impacto alto, e que pode iniciar conversas importantes em equipes ou salas de aula.
Entregas reais, não só planos
Exploramos o manifesto e seus quatro valores, com destaque para o primeiro: indivíduos e interações mais que processos e ferramentas. Discutimos que nenhum processo salva um time que não sabe se comunicar, e que ferramentas só funcionam quando há clareza no propósito.
Também debatemos a diferença entre produto funcionando e documentação abrangente. A ideia não é ignorar documentos, mas entender que entregar valor visível, iterativo e validado é o que realmente move projetos para frente. Documentos apoiam, mas não substituem a interação.
Desenvolvimento iterativo e o poder do foco
Introduzi o conceito de iteração como um “pacote de tempo com escopo flexível”. Isso ajuda a manter prazos e orçamentos fixos, mas permite ajustes contínuos nas funcionalidades. O cliente prioriza. O time entrega. E o feedback fecha o ciclo.
Mostrei um exemplo visual com funcionalidades distribuídas entre iterações dentro de um release. Isso mostrou como entregar em ciclos curtos reduz riscos e aumenta a previsibilidade — algo essencial para empresas que precisam inovar sem comprometer o fluxo.
Scrum, XP, FDD: diferentes caminhos, mesmo foco
Apresentei rapidamente três abordagens práticas: Scrum, XP e FDD. Cada uma resolve partes diferentes do quebra-cabeça ágil. Scrum ajuda na gestão de projetos, XP na engenharia do código, e FDD na descoberta orientada a funcionalidades.
É importante que alunos e profissionais entendam que agilidade não é um pacote fechado. São princípios, combinados com práticas que fazem sentido para aquele contexto. O sucesso vem da adaptação, não da imposição.
Facilitando agilidade com consistência
Para quem quer aplicar essa aula em times ou organizações, minha dica é: comece pelo problema. Mostre a dor, a frustração com entregas atrasadas, mudanças mal recebidas, documentação que ninguém lê.
Depois, apresente a agilidade como resposta possível. Use vídeos, manifeste os valores com exemplos reais, e proponha atividades de reflexão. Não exija adoção cega. Incentive perguntas. A transformação só acontece quando o time acredita nela.
Publicado como parte do diário de aula da disciplina de Engenharia de Software. Hoje, aprendemos que agilidade começa nas pessoas — e se manifesta nos produtos.
Navegação da Série
- Introdução: Parte 1 - Por que Engenharia de Software?
- Anterior: Parte 4 - Modelos Evolucionários
- Atual: Parte 5 - Mentalidade Ágil
- Próxima: Parte 6 - Scrum Produtividade
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