Série: Fundamentos de Engenharia de Software | Parte 6 de 19 > Ministrada na Universidade Potiguar (UnP) em 2010
Esta sexta aula na Universidade Potiguar (UnP) marcou uma transição importante dos princípios ágeis gerais para um framework concreto e amplamente adotado: Scrum. O objetivo foi passar de valores abstratos para práticas específicas que promovem previsibilidade, responsabilidade e entrega orientada pela equipe.
Como está sua flexibilidade?
Começamos com duas perguntas simples: Como está sua flexibilidade? E a da sua equipe?
Ao invés de pular direto para os artefatos e eventos, optamos por abrir espaço para autorreflexão. Ser flexível não é ceder, é manter ritmo diante da mudança. Essa pequena provocação criou uma ponte entre comportamento individual e cultura de equipe — essencial para o que viria depois.
O mundo mudou — e o plano precisa mudar com ele
Conversamos sobre como o modelo tradicional falha diante da volatilidade real. Requisitos mudam, partes interessadas mudam, prioridades mudam. E, nesse contexto, frameworks como o Scrum não surgiram por moda — mas como uma resposta a essa realidade.
Scrum não é mágica. Funciona bem quando seus papéis, eventos e artefatos são entendidos e respeitados. Chamamos atenção para falhas comuns na adoção do Scrum: ignorar retrospectivas, confundir Scrum Master com gerente de projeto, ou rodar apenas cerimônias sem transformação de cultura.
Os alunos conectaram rapidamente com exemplos reais. Isso mostrou como a clareza conceitual ajuda a prevenir frustração prática.
Atividade: Sim, e…
Realizamos um exercício rápido, porém poderoso: trocar o “Sim, mas…” por “Sim, e…” em uma conversa com colegas.
Essa dinâmica, fácil de aplicar em qualquer sala ou time, revela como resistimos a mudanças de forma sutil. Ela convida à construção conjunta, em vez do bloqueio por objeção. A lição principal foi direta: a mudança começa pela escuta e pela colaboração.
Os papéis que movem tudo
Dedicamos um bom tempo a explorar os três papéis do Scrum. O Product Owner apareceu como responsável por entregar valor, alinhando backlog e estratégia de negócio. O Scrum Master, como facilitador e protetor do time — não como gestor tradicional.
O time de desenvolvimento foi apresentado como um grupo multidisciplinar, responsável por decidir como construir, organizar e se comprometer. Discutimos autogestão, colaboração e a importância de sair do modelo “eu pego minha tarefa e sumo”.
Essas conversas abriram espaço para desmistificar o papel do líder técnico e reforçar que agilidade exige liderança distribuída.
Tornando o invisível visível
Seguimos com os artefatos: Product Backlog, Sprint Backlog, e os gráficos burndown e burnup.
Usei exemplos reais para mostrar como escrever boas histórias, estimar esforço e negociar escopo. Os alunos praticaram dividir histórias grandes em pedaços menores, priorizar entregas e ajustar metas da Sprint com base no entendimento coletivo.
A principal lição: visibilidade reduz ansiedade e ruído. E pode ser reproduzida em qualquer equipe com quadros simples, post-its ou ferramentas digitais.
Acompanhamento sem microgestão
Encerramos falando sobre como acompanhar o progresso sem cair na armadilha da microgestão. Burndown charts, dashboards, quadros visuais: todos são meios de expor risco, gerar aprendizado e celebrar ritmo — não de vigiar pessoas.
Finalizamos com um convite para ação: aplicar pelo menos uma ideia da aula em projetos reais. Seja em um estágio, startup ou grupo de estudos. O primeiro passo para times melhores é sempre cultural.
Publicado como parte do diário de aula da disciplina de Engenharia de Software. Hoje aprendemos que Scrum não serve para controlar equipes — serve para libertá-las com ritmo, clareza e foco em valor.
Navegação da Série
- Introdução: Parte 1 - Por que Engenharia de Software?
- Anterior: Parte 5 - Mentalidade Ágil
- Atual: Parte 6 - Scrum Produtividade
- Próxima: Parte 7 - Ciclo Scrum
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