Architecture

Executando o Ciclo Scrum: Do Planejamento ao Software Funcionando

Domine o coração da entrega ágil—descubra como planejamento de sprint, reuniões diárias, revisões e retrospectivas criam ciclos previsíveis que transformam caos em ritmo sustentável de equipe

Série: Fundamentos de Engenharia de Software | Parte 7 de 19 > Ministrada na Universidade Potiguar (UnP) em 2010

Na sétima aula do curso de Engenharia de Software na Universidade Potiguar (UnP), mergulhamos na mecânica operacional do Scrum. Além de conceitos e princípios, esta aula foi sobre entender como equipes trabalham juntas através de cerimônias, papéis e artefatos específicos para entregar software funcionando de forma iterativa.

Um ciclo que se fecha e se renova

Abrimos com a metáfora de um ciclo que gira — não para nos deixar tontos, mas para nos dar ritmo. No Scrum, o Sprint é a unidade de medida da entrega. Ele começa com planejamento, se desenvolve em ciclos diários de alinhamento, entrega algo verificável, e termina com uma revisão e retrospectiva.

Expliquei que isso não é cerimônia pela cerimônia. O objetivo de cada fase é criar visibilidade, alinhar expectativas e aprender com cada entrega. A repetição do ciclo não é burocracia: é a chance de melhorar de forma contínua, usando cadência como estrutura.

Reunião diária: foco e consistência

Destacamos a Daily Scrum como uma prática essencial de comunicação e foco. Usei a metáfora da orquestra afinando antes do concerto. É um momento de alinhamento que, bem feito, evita ruídos e duplicações ao longo do dia.

Introduzi o formato clássico das três perguntas e discutimos como ela deve ser breve, consistente e feita no mesmo horário e local sempre que possível. A atividade de “armadilhas das reuniões” foi aplicada em sala, onde os alunos simularam reuniões caóticas versus reuniões objetivas. O aprendizado foi direto: não se trata de reunir, mas de alinhar com propósito.

Essa atividade pode ser levada para empresas com facilidade. Peça que simulem reuniões ruins e depois discutam os comportamentos que mais atrapalham. É uma forma poderosa de refletir sobre como não fazer.

Planejamento de Sprint: clareza e viabilidade

Com base em exemplos visuais, percorremos as etapas do Sprint Planning Meeting. Discutimos a divisão entre SPM #1 (seleção e entendimento dos itens) e SPM #2 (quebra em tarefas técnicas).

Apresentei o jogo da velocidade (bolas de tênis na mochila!) para simular o conceito de capacidade e velocidade. Foi divertido e, ao mesmo tempo, impactante: mostrou como estimar mal compromete toda a Sprint. Também usamos o Planning Poker para estimar funcionalidades fictícias, permitindo que os alunos percebessem o valor da diversidade de opiniões no refinamento de esforço.

Facilitadores em empresas podem aplicar essas dinâmicas para fortalecer a estimativa colaborativa, especialmente quando há desconfiança nas previsões ou baixa coesão do time.

Review e Retrospectiva: ouvir, aprender, evoluir

Na parte final, exploramos o Sprint Review como espaço de demonstração, com presença de stakeholders, e a Sprint Retrospective como ferramenta de melhoria contínua. Mostrei como dividir um quadro entre “funcionou bem” e “pode melhorar”, e deixar que cada membro escreva post-its com seus pontos.

O ponto central foi: Scrum não funciona sem reflexão. Repetir ciclos sem revisar acertos e erros é correr em círculos. As retrospectivas não precisam ser formais ou demoradas, mas devem ser respeitadas como um dos momentos mais ricos do ciclo.

Simulando um ciclo real com o Jogo do Planejamento

Encerramos com uma atividade prática de ponta a ponta. Dividi a turma em times com um Product Backlog fictício. Eles planejaram, estimaram, priorizaram, executaram e revisaram um ciclo curto de Sprint — com tempo cronometrado e metas claras.

A atividade pode ser replicada em qualquer contexto com equipes novas ou que estejam aprendendo Scrum. Ela revela a importância de ter papéis claros, estimativas realistas e comunicação constante. É uma simulação que entrega mais aprendizado do que horas de slides.


Publicado como parte do diário de aula da disciplina de Engenharia de Software. Hoje aprendemos que rodar o Scrum é fácil — fazer dele uma engrenagem que entrega valor, exige cuidado, alinhamento e escuta ativa.