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Stefanini Open Talks – Técnica Pomodoro e Profundidade no Trabalho

Domine execução focada através de prática real do Pomodoro—descubra regras de profundidade, listas visuais e adaptações pessoais que transformaram refatoração crítica em ciclos produtivos

Hoje, quinta-feira 13 de janeiro, tive a oportunidade de abrir o primeiro encontro do Stefanini Open Talks, realizado no Auditório da Assespro, prédio 96 da Tecnopuc. Essa iniciativa nasceu a partir de conversas com Marcelo Schmidt e com a equipe administrativa da Stefanini responsável pela conta da DELL. Nosso objetivo foi simples e ambicioso ao mesmo tempo: criar um espaço de aprendizado compartilhado dentro da própria operação, valorizando os conhecimentos cotidianos que acumulamos.

A inspiração veio de formatos como brown bags e lightning talks, onde o conteúdo é objetivo e o tempo limitado — 15 minutos de apresentação e 15 para perguntas. Hoje, esse tempo acabou se estendendo, e percebi que essa troca tinha muito mais potencial do que imaginávamos inicialmente.

Minha apresentação teve como foco a técnica Pomodoro, criada por Francesco Cirillo. No entanto, meu foco não foi repetir definições formais, mas mostrar como a usei ativamente no contexto real de um projeto da DELL, durante refatorações críticas em um de nossos sistemas. A ideia era levar ao palco uma prática viva — usada, testada, refletida.

O Pomodoro se baseia em ciclos curtos de tempo, geralmente 30 minutos, divididos em 25 minutos de execução intensa e 5 minutos de descanso ou reorganização. Parece simples, e é justamente aí que mora sua força: uma estrutura mínima que reduz atritos e maximiza foco. Comecei aplicando isso em tarefas pequenas, e logo percebi ganhos em produtividade e clareza.

Durante os ciclos, anoto tudo que aparece: interrupções, ideias paralelas, problemas futuros. Essa coleta vira insumo para decisões posteriores. É um mecanismo que me ajuda a blindar meu tempo ativo de execução e manter a mente limpa.

Um aspecto que trouxe para a apresentação — e que gerou discussões — foi a adaptação pessoal da técnica, com ênfase na clareza do objetivo de cada ciclo. Antes de iniciar qualquer Pomodoro, escrevo uma frase com o foco exato da sessão. Algo como “finalizar transformação de payload do endpoint de contratos”. Esse pequeno ritual muda tudo.

Também comentei sobre o impacto das interrupções externas e internas. Usei exemplos reais do dia a dia: uma conversa paralela no open space, uma notificação no navegador, a tentação de revisar aquele PR que acabou de chegar. Listei formas que encontrei de reduzir esses gatilhos, como silenciar canais temporariamente e usar sinalizações visuais para minha equipe.

A plateia foi especialmente receptiva à ideia da profundidade como métrica de sucesso. Apresentei meu conceito pessoal de “regra da profundidade”, inspirado por leituras como o livro Test Driven Development: By Example, de Kent Beck. Se uma tarefa técnica leva a descobertas que exigem reformulações não previstas, deve-se avaliar se vale aprofundar ou anotar e reagendar.

Outro ponto que apresentei foi o que chamo de conhecimento da sujeira. Essa regra informal surgiu da observação repetida de que problemas similares tendem a aparecer nos mesmos módulos, nos mesmos fluxos, nas mesmas condições. Mapear esse “território sujo” ajuda a prever complexidades e a orientar esforços de refatoração com base em recorrência estatística.

Durante o evento, fiz questão de mostrar como aplico Pomodoro não só durante a codificação, mas também para revisar documentação, preparar apresentações e organizar atividades paralelas. A técnica não é exclusiva de programadores — ela serve para qualquer tarefa que exige concentração e entrega consciente.

Expliquei também como uso listas visuais, separando o que será feito hoje do que foi despriorizado. O simples gesto de passar um post-it de uma coluna para outra me dá sensação de controle e evita a armadilha de listas infinitas.

No meio da apresentação, surgiu a dúvida sobre como aplicar isso em equipes. Minha resposta foi direta: começa individualmente, mas o efeito coletivo é poderoso. Quando três ou quatro pessoas ao redor começam a respeitar seus blocos de foco, cria-se um microambiente de produtividade compartilhada.

Mostrei inclusive exemplos de times que adotaram timeboxes sincronizados, onde todos iniciam ciclos ao mesmo tempo. Isso reduz interrupções cruzadas e aumenta a disciplina em reuniões de stand-up, revisões e planejamento.

Para ilustrar, apresentei um gráfico com interações entre ciclos, interrupções e entregas semanais. Consegui mostrar como pequenos ganhos diários criam um efeito cumulativo perceptível em entregas e qualidade de código.

Falei também sobre como avaliar o sucesso de um Pomodoro. Nem sempre ele gera um commit. Às vezes o valor está na decisão de adiar uma ideia, na identificação de um bug estrutural ou na criação de um plano de ação futuro. Resultado não é só “terminar algo”, é tomar decisões melhores.

Apresentei práticas complementares que uso: revisão rápida ao final de cada ciclo, diário de borda, e retro pessoal semanal. São maneiras simples de manter consistência sem depender de memória ou motivação momentânea.

Citei ainda como Pomodoro me ajudou durante períodos difíceis, como quando precisei conciliar demandas do trabalho com questões familiares. Ter uma estrutura simples e confiável me deu segurança para entregar mesmo em dias emocionalmente difíceis.

Fechei com uma mensagem que me toca pessoalmente: produtividade não é sobre correr. É sobre alinhar intenção, atenção e ação. O Pomodoro, para mim, virou uma ponte entre minha energia e minha entrega.

Agradeço imensamente à Stefanini pela abertura, ao Marcelo Schmidt pela articulação do evento, e a todos os colegas da DELL pela troca constante. Espero que tenhamos mais encontros como esse — onde a prática encontra a generosidade de compartilhar.

Se você nunca tentou Pomodoro, comece com um ciclo amanhã. E se já usa, experimente adicionar uma métrica pessoal de profundidade. Eu garanto que vai valer o tempo.