Esta é a Parte 5 de 7 da série Vida em Porto Alegre.
Esse tem sido um dos períodos mais emocionalmente intensos da minha vida.
Em julho, minha mãe sofreu um AVC grave. Passamos um mês inteiro ao lado dela na UTI. O AVC levou mais do que fala ou mobilidade — levou memórias, como o fato de que meu pai faleceu há muitos anos. Ver ela lutar contra a confusão, o silêncio e a dor é algo que nunca vou esquecer. Minha esposa e eu tivemos que decidir rápido: voltar para Natal-RN e apoiar sua recuperação enquanto eu continuava trabalhando remotamente.
Tem sido difícil. Mas também cheio de amor, aprendizado e apoio.
Um Plano para Estar Perto
Pelos próximos 8 meses, vou passar duas semanas por mês em Natal, trabalhando remotamente enquanto acompanho a fisioterapia e a rotina de recuperação da minha mãe. Na outra metade do mês, volto para Porto Alegre e para o escritório da Dell, sempre que possível.
Agradeço ao meu gerente Eduardo Mathias, ao Cadu e ao Ulisses, e aos meus amigos incríveis — Corso, Henrique, Deco, Marcelo Schmidt e Pablo — essa mudança não só foi possível, como foi acolhida por todos.
Minha esposa tem sido uma heroína — cuidando da logística, coordenando o tratamento e mantendo nossa casa e nossos planos funcionando enquanto divido minha atenção entre o trabalho e a família.
Remoto por Necessidade
Trabalhar remotamente não era novo para mim na teoria. Mas fazer isso emocionalmente abalado, longe da equipe, em hospitais me forçou a evoluir rápido. Aqui está o que me ajudou:
- Comunicação excessiva: Compartilhei de forma proativa minha disponibilidade, bloqueios e estado emocional com o time.
- Prioridades claras: Junto com Mathias, focamos em tarefas de alto impacto e bem definidas, que eu poderia executar mesmo com janelas curtas de concentração.
- Trabalho assíncrono: Busquei clareza em tickets, documentações e revisões de código para minimizar reuniões e maximizar a autonomia.
- Rituais confiáveis: Check-ins diários assíncronos, mensagens de encerramento de dia e reuniões semanais criaram ritmo.
# Modelo de check-in diário (enviado no Slack)
👨💻 Hoje: finalizar os mapeamentos OSB
🧠 Bloqueios: horários da UTI podem reduzir minha disponibilidade
📦 Preciso de ajuda: revisar PR #321 até amanhã?
Força na Confiança
A segurança psicológica criada pelos meus líderes fez toda a diferença. Nunca senti que precisava “provar” que estava trabalhando — os resultados falavam por si só. Quando há confiança, o trabalho flui. A gente toma iniciativa. A gente aparece, mesmo com dor.
// Um lembrete do nosso código
if (deployment.isReady() && team.isAligned()) {
return "Ship it with confidence";
}
Amizade Pesa (e Sustenta)
Nos dias em que tudo parecia desmoronar, tive amigos que me sustentaram. Às vezes com uma simples mensagem. Às vezes só ficando na call comigo enquanto eu escrevia código. Às vezes me distraindo com piadas técnicas ou memórias da época em que começamos na área.
Esses vínculos são raros. E eu valorizo demais.
Olhando pra Frente
Esse post é um lembrete: nosso trabalho é profundamente humano. Produtividade não é só tarefa entregue. É gente apoiada. Líderes como Mathias, engenheiros como Cadu e amigos como Corso e Henrique — me mostraram como isso se constrói.
Ainda estamos nessa jornada. Mas nunca estive tão certo: trabalho remoto, quando bem feito, pode ser profundamente transformador.
Obrigado a todos que estão ao nosso lado.
Até a próxima atualização.
Série Life in Porto Alegre:
- Parte 1: Nova Cidade, Novo Código, Novo Idioma
- Parte 2: Foco Total, Pomodoro e Migração com Confiança
- Parte 3: Final de Semana de Release, Automação e o Valor da Liderança de Verdade
- Parte 4: Além do Java: Aprendendo OSB, ESB e BPEL no Segundo Trimestre na Dell
- Parte 5: Trabalho Remoto, Resiliência e o Poder da Amizade (você está aqui)
- Próximo: Resgatando o Educador em Mim: Inspirado por um Tech Lead que Forma Pessoas (Parte 6)
- Gratidão e Transição: Deixando a Dell para a RBS (Parte 7)