Código Limpo é Bom — Mas Commits Limpinhos São Melhores
Foi em fevereiro que tomei um “não” num PR. E o motivo não foi o código. Foi o histórico.
“Consegue dividir isso?” “Esse commit parece fazer três coisas diferentes.” “Não entendi o que estou revisando.”
Ali caiu a ficha: um bom PR não é só código certo. É histórico limpo. Ele convida ao entendimento. Mostra respeito. Constrói confiança no seu trabalho e na sua prática.
Quando comecei a investir nos commits como parte da experiência do PR, tudo mudou. O feedback veio mais rápido. As pessoas confiaram nas minhas mudanças. E a colaboração ficou mais leve.
Antes de falar de higiene, vale lembrar: Pull Requests não são parte do Git. São uma invenção do GitHub—uma das camadas sociais mais impactantes que já surgiram no fluxo de trabalho de devs. O GitHub pegou controle de versão distribuído e transformou em colaboração visível. Fez dos commits uma construção coletiva. Fez da revisão uma conversa.
Esse contexto importa. Quando falamos de higiene de commits, não é só pra deixar bonito localmente—é sobre como os outros vão vivenciar, revisar e confiar nas mudanças. Por isso, escrever bons commits muda o jeito de trabalhar em equipe.
A Anatomia de um PR Revisável
Um bom PR não é mágica. É construção:
- Título e descrição claros
- Commits bem divididos
- Cada commit se explica sozinho
- Ordem lógica nas mudanças
Um padrão ruim que eu fazia:
git commit -am "ajustes gerais e estilos"
Hoje eu prefiro:
git commit -m "Fix: corrige erro de digitação na mensagem do validador"
git commit -m "Refactor: extrai validador para módulo separado"
git commit -m "Style: atualiza botão para seguir o design system"
Prática de Commit | Impacto na Revisão |
---|---|
Commits vagos ou grandes | Dificulta revisão |
Commits focados e claros | Acelera entendimento |
Histórico limpo e rebazado | Mostra cuidado e preparo |
PRs bem estruturados reduzem o custo do feedback. Permitem isolar mudanças, comentar com contexto e revisar com confiança.
Os melhores PRs? São quase uma leitura prazerosa.
Higiene é Responsabilidade Coletiva
Higiene de commit não é só disciplina. É comunicação em equipe. Quando todo mundo escreve commits pensando no leitor, o time inteiro ganha.
Passei a revisar meu branch antes de abrir PR:
git rebase -i main
Ali eu removo ruído, agrupo experimentos e organizo tudo de forma legível. Trato o histórico como edição de um texto: só fica o que serve.
Adicionamos até um checklist no template de PR:
- A descrição explica por que isso é necessário?
- Os commits são bem escopados?
- Cada commit passa sozinho?
Hábito | Resultado |
---|---|
Limpar histórico antes do PR | Revisão mais fácil, menos retrabalho |
Usar fixup/squash | Menos revert, menos confusão |
Escrever boas descrições | Melhor alinhamento e feedback |
Esses detalhes economizaram horas. Elevaram o nível. E viraram cultura do time.
Revisão Começa Por Você
A gente trata PR como transação. Mas eles são conversa. São espaço pra alinhar, aprender e crescer—em grupo.
Ao abrir um PR, você convida alguém pra ler seu trabalho. Torne a leitura fácil. Torne a revisão possível.
Escreva commits como parágrafos. Organize mudanças como argumentos. Edite seu histórico como uma história que vale a pena ser contada.
Porque confiança não nasce só no código. Ela nasce em como você o apresenta.