Série: Transição de Kanban para Scrum | Parte 3 de 4 | Documentando a evolução estruturada do nosso time de Kanban para Scrum
De Facilitação para Capacitação
Depois de desenharmos nossas cerimônias e alinharmos como time, era hora de ganhar tração. No início, eu facilitava todas as sessões de Scrum — dailies, plannings, retros, reviews e refinamentos. Não era apenas sobre conduzir as reuniões. Era sobre modelar o tipo de espaço que queríamos: seguro, focado e com propósito.
Mas meu objetivo nunca foi ser o facilitador permanente — era capacitar o time para assumir o processo.
Coaching por Participação
Comecei convidando um engenheiro por vez para co-facilitar uma sessão comigo. Nos reuníamos antes para preparar e, depois da sessão, eu dava feedback — destacando o que funcionou e oferecendo sugestões sobre engajamento, tempo e clareza.
Não buscávamos perfeição. Buscávamos presença. Saber escutar, sustentar o espaço, fazer boas perguntas.
A cada rodada, a pessoa ganhava mais confiança. E o time passou a ver que facilitação não dependia de cargo — era algo que todos podíamos aprender.
Criando Nossos Playbooks
Para apoiar essa jornada, criamos guias curtos — uma página para cada cerimônia:
- Daily Sync: objetivo, tempo e tipos de impedimento comuns.
- Refinamento: perguntas para avaliar prontidão e complexidade.
- Planning: conectar histórias ao objetivo da sprint e à capacidade.
- Review: estrutura para compartilhar aprendizados e resultados.
- Retro: formatos (Start/Stop/Continue, 4Ls, etc.) e exemplos práticos.
Esses guias não eram obrigatórios. Eram pontos de partida — para ajudar cada um a se sentir mais seguro ao liderar.
Apropriação Gradual e Rodízio
Não criamos uma escala de uma vez. Primeiro, alguns engenheiros se voluntariaram. Depois, começamos a rodar facilitadores semanalmente. Quem estava inseguro podia fazer em dupla ou usar um template pronto.
Com o tempo, todos se sentiram confortáveis — não apenas para liderar, mas para refletir e aprimorar o jeito de facilitar em grupo.
O mais bonito foi ver como a facilitação transformou os facilitadores. Passaram a fazer perguntas melhores, perceber dinâmicas, praticar empatia. Facilitar formou líderes.
Liderança que se Multiplica
A mudança não era para me substituir. Era para distribuir a liderança. Com isso, veio mais engajamento, mais profundidade nas conversas e uma colaboração mais robusta.
O Scrum deixou de ser algo que seguimos para se tornar algo que construímos. As cerimônias não eram eventos no calendário — eram práticas vivas, e qualquer pessoa podia conduzir.
Na Parte 4, vou mostrar como estruturamos cada um desses plays para o nosso contexto.
# Diário de coaching
echo "Quem posso apoiar para facilitar a próxima retro?" >> diario_crescimento.txt
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Próximo na série: Parte 4 - Nossos Rituais, Do Nosso Jeito
Série Transição de Kanban para Scrum:
- Parte 1: Reconhecendo a Necessidade de Mudança (27 out, 2022)
- Parte 2: Alinhando Metas, Métricas e Entendimento Compartilhado (3 nov, 2022)
- Parte 3: Desenvolvendo Engenheiros para Liderar o Processo (Este post)
- Parte 4: Nossos Rituais, Do Nosso Jeito (17 nov, 2022)