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Sketchnoting: Desenhe para Ouvir, Desenhe para Aprender

Como anotações visuais transformam aprendizado, escuta e pensamento através de desenhos simples e estrutura intencional.

Sempre fui um aprendiz visual. Quando desenho, escuto melhor. Quando esboço, memorizo mais. E quando crio minha própria narrativa visual de uma sessão ou conversa, permaneço presente. Foi isso que me levou ao sketchnoting—uma prática que transformou a forma como registro e processo informações.

O Que é Sketchnoting?

Sketchnoting é uma forma de anotar que mistura texto com desenhos. Não se trata de fazer arte. Trata-se de usar visuais simples para refletir como entendemos e conectamos ideias. O termo foi criado por Mike Rohde e se refere a qualquer anotação feita à mão que inclui diagramas, formas, ícones e estrutura visual. O que importa não é beleza—é clareza e presença. Você não precisa ser designer. Basta uma caneta, uma página em branco e a disposição de desacelerar os pensamentos o suficiente para traduzi-los visualmente.

A beleza do sketchnoting está na sua flexibilidade. Você pode esboçar um mapa conceitual, uma metáfora, uma história visual ou simplesmente organizar ideias no espaço. Não há uma regra única. Ele oferece ao seu cérebro espaço para conectar informações enquanto sua mão dá forma a essas conexões.

Por Que Ajuda a Aprender

Ao fazer sketchnoting, você vai além de apenas capturar informações. Você as interpreta em tempo real. Esse engajamento ativo aumenta a compreensão e retenção. Desenhar força você a filtrar: o que é essencial, o que se conecta, e como simbolizar isso com uma linha, uma caixa ou uma metáfora. Esse filtro é o aprendizado.

Sketchnoting também constrói um arquivo pessoal de significados. Quando reviso minhas anotações, não é só texto—é um mapa visual de volta ao momento em que capturei aquilo. Lembro mais, não por copiar cada palavra, mas por processar o que ouvi.

Essa prática muda como você participa de reuniões, palestras ou workshops. Você deixa de ser apenas um ouvinte passivo. Passa a traduzir ideias conforme chegam, dando-lhes forma. Isso te torna um ouvinte melhor e um pensador mais focado.

Construindo Seu Vocabulário Visual

Todo anotador visual tem sua própria biblioteca de rabiscos, formas e estruturas. Isso não é algo inato—é desenvolvido ao longo do tempo. Você pode começar com um “alfabeto visual” de formas básicas: círculos, linhas, setas, caixas, estrelas, manchas. O objetivo não é serem bonitas, e sim rápidas e expressivas.

Aqui é um dos únicos momentos em que listas ajudam:

  • Um triângulo pode significar crescimento, conflito ou prioridade
  • Uma espiral pode representar confusão ou profundidade
  • Um raio pode indicar surpresa ou descoberta
  • Uma nuvem pode simbolizar incerteza ou brainstorming

Com prática, esses símbolos ganham significado imediato e o fluxo do desenho se torna natural.

Estruturando a Página

A parte mais difícil para iniciantes não é o desenho—é o layout. Sem estrutura, a página vira um caos rapidamente. Por isso, ensino as pessoas a decidirem a estrutura antes mesmo de colocar a caneta no papel.

Há várias formas de organizar a página. Você pode usar um mapa mental para sessões com ideias ramificadas. Ou uma linha do tempo, se houver uma sequência clara. Uma metáfora—como uma montanha, um iceberg ou uma estrada—pode ancorar conceitos abstratos em algo visual. Não precisa ser literal. Só precisa ajudar a dar forma à história contada.

Eu costumo usar uma estrutura que chamo de “presentation mining”: defino âncoras para as ideias principais e deixo os ramos crescerem organicamente. Assim, nunca fico perdido sobre onde encaixar o próximo ponto.

Amarrando Tudo

Com as ideias na página, use estrutura visual para agrupar e conectar. Esta é a segunda e última seção com lista:

  • Use manchas ou caixas para agrupar ideias relacionadas
  • Desenhe setas para mostrar causa e efeito
  • Use cores para separar temas ou falantes
  • Numere para mostrar passos ou prioridades

Esses detalhes transformam caos em clareza. Guiam os olhos e ajudam a lembrar não só o que foi dito, mas como as ideias se conectam.

Como Praticar

Comece pequeno. Escute um podcast de 5 minutos ou assista a um vídeo curto. Antes de dar play, decida o layout. Vai usar colunas, círculos ou metáforas? Ao escutar, esboce só os conceitos principais—não cada palavra. Use seu alfabeto visual. Esqueça a perfeição.

Aqui vai um desafio simples:

Desenhe um TED Talk de 10 minutos. Use um título central, desenhe pelo menos 3 conceitos principais, inclua uma metáfora visual e conecte tudo com setas ou contornos.

No começo vai parecer desajeitado. Mas com repetição, você ganha fluidez. E mais importante: começa a curtir o processo de escutar com lápis na mão.

Sketchnoting como Modo de Pensar

Quando ensino sketchnoting, não estou ensinando arte. Estou ensinando uma mentalidade. Um jeito de estar presente, de assumir o que se ouve e de tornar visível o significado—não só para você, mas às vezes para o grupo.

Sketchnoting te torna um facilitador melhor, um aprendiz melhor, e muitas vezes um pensador melhor. Transforma anotar de algo que você precisa fazer em algo que você quer fazer. Algo que deixa um rastro.

Se quiser saber mais, aqui estão os slides que uso para ensinar sketchnoting:

Melhor ainda: leve seu caderno para a próxima sessão e vamos desenhar juntos.