Série: Agile Brazil 2010 | Parte 3 de 6 > Cobertura completa da primeira conferência nacional de métodos ágeis do Brasil
Estou em Porto Alegre agora mesmo, no meio do Agile Brazil 2010 — a primeira conferência nacional sobre métodos ágeis no Brasil. A energia aqui é diferente. Ninguém está apenas assistindo palestras longas e sonolentas. As pessoas estão se movimentando entre open spaces, entrando em lightning talks, rabiscando em card walls, e puxando conversas pelos corredores.
Não é só uma conferência. Parece o início de algo maior.
O que é (e o que não é) o Agile Brazil
Isso aqui é muito mais do que um encontro de desenvolvedores e gestores. É uma comunidade em formação. E os organizadores sabiam disso — por isso apostaram forte na interação em vez de só palestras.
Eles trouxeram nomes de peso: Martin Fowler acabou de passar aqui do meu lado, Philippe Kruchten comandou uma discussão sobre arquitetura que desmontou metade das minhas certezas, e David Hussman fez um grupo inteiro se divertir fazendo exercícios em dupla. Mas não são só os convidados — são as pessoas que vieram de todos os cantos do Brasil, prontas para compartilhar e construir.
Conversei com gente aplicando Agile em bancos, startups, universidades e até prefeituras. Todo mundo ainda descobrindo o caminho. E estamos fazendo isso juntos. Isso tem força.
Escrevendo Isso Depois da Minha Primeira Palestra
Hoje mais cedo, fiquei de pé na frente de uma sala — umas 25 pessoas talvez? — e pela primeira vez falei publicamente sobre os métodos ágeis que estamos experimentando na UnP e no SINFO-UFRN.
Não foi perfeito. Eu estava nervoso, provavelmente falei rápido demais. Mas contei a verdade:
- Como usamos XP e Scrum para tocar projetos acadêmicos e institucionais
- O que funcionou: papéis mais claros, mais autonomia, ciclos de feedback mais curtos
- O que não funcionou: compromisso irregular, recomeços constantes, e a luta para iterar de verdade
Pareceu importante dizer em voz alta: “Não somos especialistas. Estamos aprendendo.” E acho que isso tocou as pessoas.
Construindo uma Prática Ágil Brasileira
Um tema forte que está aparecendo em várias conversas é esse: Agile não é um processo importado. É algo que estamos moldando — com nossos próprios desafios, ritmos e histórias.
Estou cercado de gente de Brasília, São Paulo, Recife, Porto Alegre. Cada um com seus legados, suas limitações, suas culturas de time. Mas com um impulso em comum: melhorar o trabalho. Parar de fingir que dá pra controlar o incontrolável. Fazer apostas pequenas. Colocar feedback no centro.
Agile aqui não é buzzword de consultoria — é ferramenta de sobrevivência pra quem vive na complexidade.
E essa conferência mostra o que acontece quando a gente para de pedir permissão para compartilhar.
Uma Comunidade de Prática ao Vivo
O que mais chama atenção é como todo mundo está aberto. Você esperaria mais ego ou competição, mas tem muito pouco disso por aqui. As pessoas estão mostrando seus bastidores. Quadros reais. Post-mortems sinceros. Fracassos expostos.
É isso que uma comunidade de prática parece no começo:
- Nem todo mundo está alinhado
- Nem sabemos ainda o que é sucesso
- Mas estamos dispostos a aprender em público, juntos
E isso é raro. E bonito.
Encerrando — Por Enquanto
Daqui a pouco vou entrar num open space sobre Agile na educação. Tem gente discutindo como as universidades podem parar de ensinar só teoria e oferecer experiências reais de trabalho em equipe. Quero entrar na roda — temos histórias do SINFO/UFRN que podem ajudar.
Esse post é meu jeito de capturar o momento. O Agile Brazil 2010 não foi só onde dei minha primeira palestra — foi onde percebi que não estamos sozinhos.
Fazemos parte de algo em movimento.
Mais em breve.
Navegação da Série Agile Brazil 2010:
- Parte 1: Workshop de XP na Prática
- Parte 2: Story Mapping com David Hussman
- Atual: Parte 3 - Minha Primeira Palestra Ágil
- Próximo: Parte 4 - Retrospectivas com Hugo Corbucci e Mariana Bravo
- Final: Parte 5 - Coaching de Guerrilha com Francisco Trindade