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Café Ágil em Recife – Diálogo, Código e Coragem

Junte-se ao movimento crescente da comunidade ágil brasileira—descubra como o Café Ágil Recife cria espaço para compartilhar experiências, aprender com falhas e construir conexões além de conferências formais

Café Ágil Recife

No dia 15 de maio, participei em Recife de um encontro que tinha tudo para ser apenas mais um evento ágil com café – mas entregou muito mais do que isso. O Café Ágil, promovido pela ThoughtWorks Brasil com apoio da UFPE, reuniu líderes, estudantes e profissionais que não estavam ali apenas para ouvir – estavam ali para provocar, perguntar e reconstruir suas práticas.

XP: Contra ou a Favor do Design?

A manhã começou com Paulo Caroli trazendo uma provocação que pegou muita gente desprevenida: XP é contra design? Não se trata de uma negação ao design, mas sim de uma reinvenção de sua temporalidade. Em vez de isolar o design em uma fase única, antes da implementação, o XP propõe design em fluxo — decisões arquiteturais tomadas no último momento responsável.

Inspirado por seu contato com Kent Beck e sua trajetória entre Brasil e exterior, Caroli desafiou a lógica de “grandes upfronts”. Trouxe de volta os 4 valores e 12 práticas do XP, lembrando que comunicação, simplicidade, feedback e coragem continuam tão relevantes quanto em 2000 — talvez até mais. Para ele, o design não desaparece no XP. Ele amadurece junto com o sistema.

Outro ponto interessante foi sua releitura do tradicional ciclo de vida em projetos waterfall. Ao invés de fases sequenciais e rígidas, XP sugere um ciclo iterativo onde design, código e feedback convivem. O resultado? Menos desperdício e decisões mais embasadas.

TDD das Trincheiras: Disciplina Coletiva

Na sequência, Luiz Borba, da Pitang, compartilhou suas batalhas práticas na implantação do TDD. Segundo Borba, o TDD entrou na empresa mais por exigência dos clientes do que por convicção dos desenvolvedores. Mas a jornada de adoção acabou ensinando algo fundamental: cultura come prática no café da manhã.

Mesmo treinando e orientando, sem incentivo contínuo, os desenvolvedores voltavam a codar sem testar. O que faltava? Uma mudança cultural, não só técnica. Borba lembrou que TDD exige constância e repetição – e que, uma vez assimilado, se torna parte da identidade técnica do time. Muitos passaram a se sentir desconfortáveis sem testes. Um ótimo sinal.

Borba também chamou atenção para o papel do gestor. Sem líderes que reforcem o hábito, TDD acaba como uma moda passageira. Com apoio, torna-se um investimento em qualidade contínua.

O Que Aprendemos no Hall

Fora do auditório, entre goles de café e trocas rápidas de figurinhas, surgiram algumas das melhores conversas. Descobri, por exemplo, o grupo SCRUM Paraíba, que até então não conhecia. Falamos sobre a realidade de desenvolvimento nas diferentes regiões, o papel da universidade e as lacunas entre teoria e prática.

Também debatemos como respeito, hoje considerado um valor adicional no XP, vem se consolidando como base para práticas ágeis maduras. Respeito ao tempo de quem revisa, às limitações do cliente, ao espaço de quem ainda está aprendendo. Respeito, como lembrou alguém na roda, é o que sustenta colaboração de verdade.

Encerramento com Café, Brindes e Convites

O evento terminou com sorteio de canetas (sim, eu peguei uma!) e um convite à continuidade. Os tópicos debatidos não deveriam ficar na sala — deveriam virar pauta nos times, nos dailies, nos code reviews.

Eventos como o Café Ágil lembram que agilidade não é sobre frameworks, mas sobre culturas que aprendem em público. Com coragem para mudar, com código que conta histórias, e com pessoas que ainda acreditam que ouvir é tão importante quanto entregar.

Parabéns à organização e aos palestrantes. Que venham mais encontros assim.


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