Série: Vida em Porto Alegre | Parte 1 de 7 > Descobrindo uma nova cidade e uma nova carreira
Acabei de encerrar minha primeira semana de trabalho na Stefanini/Dell Computers em Porto Alegre, e estou escrevendo isso com um sorriso enorme no rosto, impulsionado por uma mistura de empolgação, adrenalina e aquela exaustão agradável de quem está enfrentando algo verdadeiramente novo.
Um Salto no Desconhecido Global
Mudar para Porto Alegre já parecia uma grande aventura. Mas chegar no primeiro dia na Dell, entrar em um time com pessoas do mundo inteiro, mergulhar num ambiente onde o inglês fazia parte de cada stand-up, cada revisão de código, cada documento — isso foi um desafio completamente novo. Mesmo estando muito à vontade com Java, TDD, JPA, EJB e Jenkins, falar inglês todos os dias no contexto profissional era outro tipo de desafio.
Após anos assistindo palestras, lendo blogs, fazendo tutoriais e até escrevendo meus próprios posts, achei que estava pronto. Mas a verdade é que nada substitui a realidade. Não era apenas uma nova empresa. Era um ambiente multinacional. Cada interação acontecia em inglês — um idioma que eu havia estudado e admirado, mas nunca realmente vivido. Estar numa sala e precisar explicar meu raciocínio, ou entender o de outra pessoa, tudo em tempo real e em inglês, parecia reaprender a pensar em voz alta.
Conhecendo e familiarizando
O que tem me salvado? As pessoas. Meus colegas de equipe são inteligentes, engraçados, generosos — e acima de tudo, pacientes. Já comecei a construir o tipo de amizade que sei que fará toda a diferença. Cada “pairing session” é um mini-curso. Cada comentário de review é uma nova lição.
Quando você se muda para uma nova cidade, leva tempo até encontrar seu ritmo. O mesmo acontece quando você entra em um novo time. Mas a Stefanini e a Dell tem algo especial: pessoas que genuinamente querem que você cresça. Nunca fiz tantas perguntas em uma única semana. E nunca estive tão motivado a continuar aprendendo.
E embora eu já tivesse bastante experiência com Java, SOA, REST e estivesse bem confortável com TDD, a stack da Dell trouxe algumas novas peças para o quebra-cabeça: OSB (Oracle Service Bus), ESB (Enterprise Service Bus) e BPEL (Business Process Execution Language). Essas tecnologias eram, em sua maioria, novas para mim, e fiquei fascinado com a forma como elas orquestram a comunicação entre sistemas complexos. Não se trata apenas de escrever código — trata-se de compor e coreografar serviços.
Os primeiros dias foram uma mistura de surpresa e descoberta: entender como o OSB roteia requisições, como o BPEL gerencia interações entre serviços como um maestro conduzindo uma sinfonia. Eu sei que isso é só o começo, e estou animado para mergulhar nessa camada dos sistemas corporativos que até então eu só admirava de longe.
Curiosidade é a minha bússola
Atualmente estou aprendendo sobre o domínio da empresa, suas ferramentas e convenções — e descobrindo que software corporativo em larga escala não é apenas técnico. É humano. Exige navegar por cultura, comunicação e colaboração, especialmente quando o idioma falado não é o seu idioma nativo. Nada é por acaso. Tudo tem um motivo. E eu quero entender cada um deles.
Estou lendo cada página da wiki, documentação e trecho de código que consigo encontrar. No ônibus, no almoço, à noite. Não porque sou obrigado — mas porque estou vidrado. É isso que significa estar novo e motivado. Não me sinto como um desenvolvedor júnior. Me sinto como um estudante do sistema.
Mais do que só codar
Claro, estou digitando em um novo contexto. Mas o que estou realmente aprendendo é como esta equipe pensa. Como compartilha conhecimento. Como mantém a confiança. Como lida com feedback, urgência, bugs, arquitetura. Isso é o que mais me empolga.
E eu sei que vai levar tempo. Estou em paz com isso. Porque cada hora que invisto agora vai me tornar mais capaz, mais útil, mais criativo. Essa é a energia que trouxe comigo para Porto Alegre, e já consigo sentir ela se multiplicando.
Construindo juntos
Aos meus novos colegas de equipe: obrigado por me receberem. Por responderem minhas perguntas. Por revisarem meus primeiros commits atrapalhados. Por me convidarem para o café mesmo quando eu ainda não entendia as piadas.
Para quem está pensando em dar um salto no desconhecido — nova cidade, nova tecnologia, novo papel — eu digo: vá em frente. Você vai se surpreender com o quanto pode crescer quando se cerca das pessoas e desafios certos.
Que venha o próximo capítulo. E cada linha de código que eu escrever com curiosidade, intenção e gratidão.
Navegação da Série Vida em Porto Alegre:
- Atual: Parte 1 - Nova Cidade, Novo Código, Novo Idioma
- Próximo: Foco Total, Pomodoro e Migração com Confiança (Parte 2)
- Final de Semana de Release, Automação e o Valor da Liderança de Verdade (Parte 3)
- Além do Java: Aprendendo OSB, ESB e BPEL no Segundo Trimestre na Dell (Parte 4)
- Trabalho Remoto, Resiliência e o Poder da Amizade (Parte 5)
- Resgatando o Educador em Mim: Inspirado por um Tech Lead que Forma Pessoas (Parte 6)
- Gratidão e Transição: Deixando a Dell para a RBS (Parte 7)
Esta série documenta minha mudança para Porto Alegre e os primeiros passos na Dell/Stefanini, explorando os desafios de trabalhar em um ambiente multinacional, aprender novas tecnologias enterprise e adaptar-se a uma nova cidade.