Termino mais um semestre como professor na Universidade Potiguar (UnP) com o coração cheio e a cabeça fervendo. Ensinar uma disciplina por meses é uma experiência completamente diferente de facilitar workshops ou palestrar em conferências. Lá, tudo é intensivo, direto ao ponto. Aqui, há continuidade, rotina, dúvidas recorrentes, ausências, reencontros e aprendizados de longo prazo — tanto para os alunos quanto para mim.
O Desafio da Constância
A primeira lição que levo é sobre constância. Manter a motivação por várias semanas seguidas é difícil — mais ainda quando se nota que a turma também está tentando equilibrar uma rotina puxada. Em algumas semanas, metade da classe aparece com cara de quem foi atropelado por uma prova de Cálculo. “Professor, posso faltar hoje? Preciso revisar derivadas de última hora.” E eu entendo. Já fui esse aluno.
Ensinar Também É um Ato de Vulnerabilidade
Ao longo das aulas, percebo que ensinar exige um equilíbrio entre conhecimento técnico, empatia e humildade. Não é só “passar conteúdo”. É observar quem está ficando para trás, quem já avançou, e quem só precisa de um empurrão.
Aliás, cada turma é diferente. Uma pergunta simples pode virar um debate de 15 minutos sobre clean code. E um exemplo trivial pode ser exatamente o que destrava um conceito para alguém.
A Engenharia de Software Ainda Precisa de Advocacia
Ser professor de Engenharia de Software é, por vezes, atuar como advogado da profissão. Muitos ainda enxergam engenharia de software como “mexer com computador”, e subestimam o peso de habilidades que não envolvem código — escuta ativa, negociação, comunicação, ética.
Tento reforçar nas aulas: escrever código é apenas uma parte. Saber para quem e por que estamos escrevendo é o que transforma um bom engenheiro em alguém indispensável.
Gratidão à UnP e ao Convite para Continuar
Fico muito feliz em poder continuar mais um semestre como professor na UnP. Agradeço ao Gedson Nunes pela confiança renovada e pela oportunidade de continuar aprendendo com cada turma que passa. O ambiente acadêmico me desafia, me tira da zona de conforto e me faz evoluir.
Considerações Finais
Aos alunos que participaram, perguntaram, discordaram com respeito e até faltaram por conta de provas de Cálculo: obrigado. Vocês fazem parte dessa jornada.
E para quem acha que ensinar é só repetir slides… experimente transformar uma semana caótica em uma aula inspiradora. A sala de aula cobra não só conhecimento, mas presença, escuta e muita flexibilidade.
Nos vemos no próximo semestre, com novos desafios e, com certeza, mais histórias para contar.
Este post é a Parte 18 de 19 na série “Aulas de Engenharia de Software”
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